quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Forks over knives



Nome original: Forks over kvives
Direção: Lee Fulkerson
Gênero: Documentário
Ano: 2011


Coma pra viver, não viva pra comer


      Documentário tem como assunto principal a relação entre a dieta baseada em alimentos de origem animal e a incidência de doenças cardiovasculares e câncer.
      O filme tem uma riqueza imensa de estatísticas* e de depoimentos de médicos que se empenharam em estudar a dieta de grupos e sua correlação com a qualidade de vida e a indidência de doenças. Tem como o principal objetivo oferecer uma visão diferente de certas verdades inseridas no senso comum, tais como: "carne é essencial para obtenção de proteínas" e "leite de vaca é a melhor fonte de cálcio e evita a osteoporose". Contudo, documentário vai além: oferece uma série de reflexões sobre como nossa sociedade encara o ato de se alimentar, inclusive citando a "tríade motivacional", que seriam as três buscas do ser vivo: prazer, evitar a dor e poupar energia.
     Sendo vegetariano ou não, uma questão é inevitável após ver o documentário: será que o modelo de alimentação que a sociedade ocidental atualmente tem como modelo realmente é válida, tendo em vista os inúmeros casos de doenças relacionadas também à alimentação?

*Ainda não pesquisei a fundo para comprovar sua veracidade

Conceito: Muito bom

Nós que aqui estamos por vós esperamos


Nome original: Nós que aqui estamos por vós esperamos
Direção: Marcello Masagao
Gênero: Documentário
Ano: 1999



     Documentário usa recortes biográficos reais e ficcionais para representar o século XX e toda sua efervescência.      Sem seguir a típica e didática linha cronológica dos documentários tradicionais,  este, além de dispensar a também típica narração, se revela um experimento totalmente original no que diz respeito a pelo menos a todos os documentários que já assisti. Com uma mescla de música, citações, imagens (vídeos e fotos) de personalidades conhecidas e personagens até então anônimos, temos um excelente retrato do século anterior, incluindo seus grandes pensadores, os dois grandes conflitos mundias, as invenções, a mudança da presença feminina na sociedade e as diversas outras transformações que se sucederam. Qualquer listagem que eu faça sobre os temas abordados pelo longa ficará imcompleta, graças à riqueza de informações contidas no filme.
     O jogo de imagens mesclado com as mensagens escritas, durante todo o filme, demonstram como, no cinema, uma boa idéia e criatividade são bem mais importantes que uso de alguns recursos, como efeitos-especiais mais complexos, um roteiro definido ou mesmo uma narração.
     A maior genialidade do filme, entretanto, é saber retirar das imagens muitas histórias (reais ou ficcionais) que geralmente passam despercidas. Em muitos momentos, as pessoas que aparecem nas imagens ganham nomes e um breve resumo da sua vida. Histórias essas que ficam perdidas quando vemos documentários, que geralmente se preocupam em mostrar estatísticas ou com grandes nomes, fazendo com que esqueçamos, por exemplo, que aquele operário na linha de produção, cuja imagem é usada para retratar o fordismo, também é um ser humano, como a gente, que teve sua história de vida, com seus amores, suas derrotas e vitórias, seus sorrisos e suas amarguras, e por fim, sua morte. Exatamente como na citação de Christian Boltanski, brilhantemente inserida no filme:


"Numa guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay, outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias..."


     Um dos problemas da atual sociedade talvez tenha surgido no século retratado, com a invenção do rádio, da eletricidade, e toda a conectivdade e rapidez de informações que trouxeram: pessoas viraram números, bilhões, e nós somente um ser no meio de váris. Falar em milhares de morte aqui, milhões lá, parou de ter tanto efeito sobre nós. É preciso ter uma visão centrada, como Marcello Masagao explicita nesse filme, para perceber que mesmo sendo muitas, as pessoas que pelo mundo passaram foram importantes para ele de alguma maneira, criando-o, inventando-o, modificando-o ou simplesmente vivendo-o. Suas histórias, mesmo enterradas, ainda existem. Em um lugar para qual todos vamos, e eles esperam por nós.

Conceito: Muito Bom

terça-feira, 1 de maio de 2012

Um Método Perigoso



Nome original:A dangerous method
Direção: David Cronenberg
Elenco:Keira Knightley, Michael Fassbender, Viggo Mortensen
Gênero: Drama
Ano:2012


      Filme retrata a relação entre Sigmund Freud e Carl Jung, durante o nascimento da psicanálise. O nome do longa vem da relação dos dois, mas principalmente de Jung, com a paciente Sabina Spielrein, que acaba sendo mais do que uma paciente cobaia do novo método para o psiquiatra.
     "Um Método Perigoso" oferece a leigos como eu, um resumo do nascimento da psicanálise, uma área que me interessa bastante. Além do mais, um dos focos do filme é a separação de Freud e Jung, graças às divergências de ideias, de perspectiva para o futuro e do modo de encarar a psicanálise. Viggo Mortensen interpreta magnificamente o Freud orgulhoso e resistente quanto à expansão da análise do ser humano além da sexualidade. Já Jung é retratado como o sonhador e idealista, que não recusa nenhuma área de estudo, motivo pelo qual acabam sendo rivais.      O longa possui bastantes informações e referências biográficas dos 3 personagens, o que o faz talvez merecer o título de pseudodocumentário. Essa é a grande qualidade da obra. A riqueza com que foram mostrados os encontros entre os dois psiquiatras e suas discussões, as sessões com Sabina e sua posterior carreira de psiquiatra e até as cartas trocadas entre os personagens, fazem do filme uma fonte excelente de conhecimento da área. Logo em uma das primeiras cenas vemos Keira Knightley interpretar a perturbada Sabina na sua primeira sessão com Jung, que iniciava o novo método de "cura pela conversa". Essa cena, na qual a câmera fica fechada em seu rosto durante a sessão, enquanto o doutor ficava sentado ao plano de fundo fazendo anotações, é memorável. Infelizmente, há um ponto negativo em colocar atrizes famosas e bonitas nesses papéis: sempre fica algo de irreal. O oposto ocorreu com Viggo Mortensen (ator não tão conhecido), e que por isso fez com que eu quase acreditasse que aquele era Freud em pessoa.
     Vale a pena ser visto por aqueles que possuem algum interesse pela área.



Conceito: Bom

A Vida dos Peixes




Nome original: La vida de los peces (Chile)
Direção: Matías Bize
Elenco: Santiago Cabrera, Blanca Lewin
Gênero: Drama
Ano: 2010

     Filme emocionamente e de uma beleza real. Uma história que acontece com todos em algum momento na vida.
     Andrés é um jovem prestes a viajar para a Europa, para continuar seu trabalho de jornalista de guia turístico. Entretanto, primeiro precisa resolver pendências de um passado distante com Beatriz. Toda a história do longa se passa durante uma noite, numa festa de aniversário, onde os dois personagens principais estão presentes. Há 10 anos morando fora, Andrés leva uma vida sem vínculos e distante dos seus antigos amigos que estão todos presentes na festa. Contudo, a pessoa que Andrés mais espera encontrar é Beatriz, sua ex-namorada que não vê há muito tempo.
     A narrativa do filme é lenta e sutil, do jeito que eu gosto. A câmera acompanha o personagem perdido pela festa, inconfortável com a situação de encontrar com sua ex, e desde o início sentimos que há alguma expectativa nesse encontro. Para quem já viveu algo parecido, o filme é bastante interessante. Após algumas conversas constrangedoras entre os dois, chegamos à cena mais bonita do filme: os dois diante de um aquário discutindo o que sentiram e viveram após a estranha separação, e o vislumbre daquela vida que poderiam ter vivido mas que agora só pode ser imaginada e admirada como a vida dos peixes em um aquário.
     Além das cenas com as interações com os outros personagens, sempre com conversas muito informais, fazendo com que nos sintamos como um convidado da festa, há a bela canção que pode ser conferida abaixo, que prova que em questão de trilha-sonora, filmes latinos quase sempre ganham.



Inverness - Nubes



"El mar sabe a sal y no podrás tragarla jamás
El cielo tiene nubes y no podrás tocarlas jamás"


Conceito: Bom