domingo, 26 de abril de 2009

Danton: o processo da Revolução

   
Nome original: Danton
Direção: Andrzej Wajda
Elenco: Gérard Depardieu, Wojciech Pszoniak, Patrice Chéreau
Gênero: Drama/Histórico
Ano:1982


     Em 1794, algum tempo após a queda do Antigo Regime, a França vive o Período do Terror, onde o Comitê de Salvação Nacional comandado por Robespierre não consegue melhorar a precária situação dos franceses e ainda promove uma enorme matança contra todos que eram contra o governo da recém-formada república. É nessa época que Georges Danton, um dos líderes da Revolução Francesa, retorna a Paris e encontra a cidade aterrorizada com o governo fazendo seus líderes apreensivos e temendo uma contra-revolução.
     Já no início do filme sentimos o clima tenso em que o país se encontrava: a violência, a fome e a guilhotina em ação constante. A trilha-sonora mais parece de um filme se passado na Idade Média do que numa república governada pelos representantes do povo e criadores da Declaração dos Direitos dos Homens. Robespierre começa a ser encarado pela população como um ditador e assim sua credibilidade decresce a cada dia e é ele que parece ser o protagonista dessa trama que traz o nome de seu rival. Danton aparece na história como um ídolo popular e um revolucionário destemido, calmo e insatisfeito com a atual situação de seu país. Porém, o estado de desespero, culpa e arrependimento em que Robespierre se encontra fica evidente em todas as cenas e isso as faz mais impactantes do que as do herói jacobino. O motivo de tal estado é que o líder do Comitê se vê obrigado a perseguir aqueles que estavam no mesmo lado que ele e que ainda compartilham o mesmo ideal, mas de modos diferentes. Como quase todo ativista premiado com o poder que vemos na História, Robespierre acaba se esquecendo dos seus verdadeiros objetivos e Danton é ele no passado: um homem que visava somente o bem-estar de todos e que acreditava piamente que conseguiria isso pacificamente.
     Apesar de toda a popularidade e altruísmo de Danton, não percebemos no filme sua total devoção à causa. Sua tranqüilidade excessiva faz com que suas ações sejam ofuscadas pela brutalidade do governo que, ao contrário dele, usa o medo como a principal arma para calar a população e evitar mais revoltas. Assim, a insistência daquele em usar métodos pacíficos culmina em sua morte e na de seus companheiros que parecem terem sido em vão. Seus discursos para o povo no tribunal, suas discussões com Robespierre e suas tentativas de mudar o pensamento dos franceses pareceram ter ido por água abaixo, mas felizmente sabemos que não, pois menos de um ano depois, Robespierre e seus onze deputados foram depostos de seus cargos, trazendo, mais uma vez, esperança para a França.


domingo, 19 de abril de 2009

Uma mulher contra Hitler

     
Nome original:Sophie Scholl - Die Letzten Tage (Alemão)
Direção: Marc Rothemund
Elenco:Julia Jentsch, Fabian Hinrichs, Gerald Alexander Held
Gênero: Drama
Ano: 2008


     Esse filme acabou com meu domingo. O que espera-se de filmes passados na Alemanha Nazista é muita podridão, covardia e injustiça, mas esse, assim como "Olga", conseguiu me abalar mais do que os outros.
     Baseado em fatos reais, o filme conta a história da jovem Sophia Scholl que, junto com seu irmão e alguns amigos, formam o grupo universitário de resistência Rosa Branca que, dentre outras manisfestações, escrevem e divulgam panfletos anti-hitleristas. O conteúdo dos panfletos eram idéias de que a guerra já estava perdida para a Alemanha, que o Fünher estava promovendo um banho de sangue pela Europa, a defesa da liberdade e outras coisas que desmoralizavam o III Reich. Numa dessas ações, enquanto Sophia e seu irmão distribuíam os tais panfletos na universidade em que estudavam, são pegos e levados à prisão. Durante quase todo o filme, acompanhamos a jovem de Munique na cadeia enfrentando os interrogatórios e principalmente a ansiedade e o medo que antecedem o julgamento que pode resultar na sua condenação à morte.
     Cenas interessantes fazem o filme de alto valor para os que, como eu, se interessam pelos assuntos referentes ao nacional-socialismo germânico. As discussões entre os personagens ativistas e os nazistas,por exemplo, além de explicitar muito bem o ponto-de-vista de ambos os lados, demonstram como esses últimos estavam cegos pela ideologia que pregava o amor à pátria, tendo como principal arma o ódio. Muitos deles nem sabiam da matança de judeus e outras minorias. Outro ponto importante é que o longa mostra que nem todos os alemães estavam de acordo com o que Adolf Hitler pregava.
     "Uma mulher contra Hitler" é aquele tipo de filme que te deixa num estado de suspense perturbardor, como se você estivesse encarcerado junto com a forte e ousada Sophia Scholl. Você passa a ser seu companheiro de cela e sente todo o medo e as dúvidas que surgem na sua mente. Será que foi tudo em vão? Deveria ela abandonar sua fé na liberdade e salvar sua vida? Nessa situação angustiante, você espera durante toda a trama que algum herói ou alguém interceda por ela e pelos outros jovens que só queriam a liberdade e o respeito a todos as pessoas. É nesse ponto que você se lembra de que aquilo é uma história real, ocorrida recentemente, há 66 anos, e que a vida real não é tão justa e piedosa como a ficção.

sábado, 18 de abril de 2009

Crepúsculo dos Deuses

     
Nome original: Sunset Boulevard
Direção:Billy Wilder
Elenco:William Holden, Gloria Swanson, Nancy Olson
Gênero:Drama
Ano: 1950



     Clássico brilhante, indispensável para todo cinéfilo.
     Quando fugia de cobradores, o roteirista fracassado Joe Gillis (William Holden) acaba entrando em uma mansão (na Avenida Sunset, por isso o título original) que à primeira vista parecia abandonada. Por coincidência, na casa, que não estava abandonada, morava uma famosa estrela do antigo cinema-mudo, Norma Desmond, que o convida a ajudá-la a escrever um roteiro para um filme que será estrelado por ela mesma. A oportunidade parece perfeita para Gillis, que precisava de um emprego, e ele aceita o trabalho, apesar de o roteiro escrito pela atriz para seu retorno às telas ser péssimo. O que parecia ser um simples emprego acaba se tornando uma situação perturbadora, pois Norma usa sua soberba, carência, dinheiro e também paixão para aprisionar Gillis de todas as formas possíveis, tornando sua vida nada agradável.
     O filme traz Gloria Swanson interpretando uma personagem inesquecível, tanto por sua atuação, tanto pela originalidade do tema que o filme trata por meio dela: a decadência de uma típica atriz de cinema orgulhosa e narcisista que por causa da piedade das pessoas à sua volta, não está a par de que sua época de ouro já se foi. Uma esquecida que não sabe de seu esquecimento. O grande ponto do filme é que não sabemos se ela realmente não sabe que sua carreira já acabou ou se seu subconsciente a manteve sonâmbula nesse mundo de falsa adoração e soberda que ela mesma construiu com a ajuda de seus amigos que, como um ato de caridade, preferiram a manter nesse estado de sono, na onde ela se manteve até o final da trama. A cada cena, ficamos com mais pena e percebemos quão patética a personagem se torna.
     Assim como "Cantando na Chuva", esse clássico mostra consequências da substituição do cinema mudo pela nova forma de fazer filmes, causando, nesse caso, a queda da estrela Desmond. Afundada em sua paixão pela fama, ela recusa-se, consciente ou inconscientemente, a aceitar que sua presença nos estúdios é coisa de outrora. Dessa forma, o filme faz um ensaio de como o mundo glamouroso dos artistas transforma alguns em viciados.
     Durante todo o filme, a narração da história por Joe Gillis nos acompanha, trazendo suas impressões e confissões ao espectador, fazendo o filme ficar ainda mais interessante. O roteiro permitiu-se até mesmo trazer algum humor a esse enredo que, no final, acaba se tornando bem sinistro e angustiante. Outra impressionante A cena final, que traz o ápice da loucura da personagem principal espanta pelo enorme brilhantismo e faz você pensar "Que filmaço!".
     "Crepúsculo do Deuses", além de trazer o nome em português mais impactante que o original, traz também um roteiro marcante que mereceu completamente o Oscar de 1950 e vai ficar em sua memória por um bom tempo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

P.S. Eu te amo

     
Nome original: P.S.I love you
Direção: Richard LaGravanese
Elenco: Hilary Swank, Gerard Buttler, Kathy Bates
Gênero: Comédia-Romântica
Ano:2008


     Holly é casada com Gerry, um irlandês bem-humorado e vive feliz em seu simples apartamento, enfrentando os problemas que todo casal tem. Porém, quando Gery morre, Holly fica totalmente arrasada até que descobre que o marido deixou-lhe cartas com o objetivo de guiá-la após sua morte. As cartas seriam entregues com o tempo e assim Holly entra no jogo para tentar ir em frente, mas sem esquecer o passado.
     O grande truque desse filme fois a escolha dos dois protagonistas: Hilary e Gerard formam um casal extremamente carismático e dando um show de atuação. Ela atua tão bem que você nem lembra da lutadora durona de "Menina de Ouro". Outro ponte forte do filme é que ele não ficou somente no fraca comédia que vemos nos filmes desse gênero. Na verdade, ele é um romance com uma forte pitada de humor, e não o contrário. A trilha-sonora está sempre presente, composta por algumas músicas conhecidas e que fazem uma boa companhia à história da personagem que tenta seguir com sua vida e encontrar novamente a felicidade dos velhos tempos. Com essa mescla de sensações, "P.S.Eu te amo" traz uma trama que não foge tanto da realidade e assim proporciona, por meio de um roteiro simples, momentos agradáveis, principalmente se você estiver acompanhado.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída...

     
Nome original: Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo
Direção: Uli Edel
Elenco: Natja Brunckhorst, Thomas Haustein
Gênero: Drama
Ano: 1981


     Baseado em fatos reais, filme alemão retrata o submundo das drogas e se passa em Berlin, na década de 70.
     Christiane é um garota berlinense, prestes a fazer 14 anos, mora com a mãe e é fascinada para conhecer a moderna boate "Sound". Certo dia, consegue entrar na discoteca, conhece Detlev e assim começa sua vida de viciada. Primeiro o álcool, depois maconha e depois umas das drogas mais destrutivas: a heroína. Além do uso de drogas, acaba se prostituindo e assim a lista de situações baixas em que se submeteu na juventude fica quase completa. Percebe-se que o diretor tinha como único objetivo formular uma antipropaganda do mundo do vício. O filme nem chega a mostrar a vida da menina antes do vício, sendo a primeira cena ela explicando ao espectador sua vontade de conhecer a tal boate, não sabendo que lá conheceria as pessoas que a encaminhariam à perdição. A cada cena ela afunda mais e mais, junto com seu namorado Detlev, ainda mais perdido.
     Como muitos dramas europeus, este busca nos chocar, porém não o faz visualmente, mas sim através do drama em que a personagem se encontra. Entretando, há uma cena que me fez franzir a testa: Christiane e seu namorado reclusos no quarto enfrentando a crise de abstinência após terem decidido abandonar a heroína. Essa sim é uma cena que todo pré-adolescente deveria assistir para ter noção da podridão e do sofrimento que o vício leva. "Eu, Christiane F..." é um filme válido quando passa a mensagem de "Diga não às drogas" mas é falho quanto ao roteiro que, apesar do tema denso, acaba sendo simples demais, repetitivo demais.